sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Uma puta falta de sacanagem: da Beatlemania à Família Restart

"Somos cidadãos imperfeitos e consumidores mais que perfeitos"
Milton Santos

Eu não ousaria dizer que todo artista depende de público. Essa relação, que não é diretamente proporcional, não é também, necessariamente, uma relação inversa. É possível viver a arte cotidianamente sem fazer dela um objeto público, ao mesmo tempo em que a mesma pode ser resultado ou instrumento de trabalho, seja ele remunerado ou não. Pode parecer uma questão óbvia, mas quis tomá-la como premissa antes de isolar a relação da música com o público e o seu caráter econômico e comercial.

A música é uma das modalidades artísticas mais populares. Esteve sempre presente nas diversas esferas sociais servindo como expressão ou mediadora da relação indivíduo-cultura. Não pretendo traçar o percurso histórico dessa relação, pois, além de não ser propício ao formato do blog, demanda um refinado trabalho de pesquisa do qual não seria possível e necessário agora. Proponho que nos debrucemos, sem maniqueísmo, sobre a referida relação apenas no que diz respeito aos últimos anos, no sentido de perceber a interferência da tecnologia nos meios de comunicação modernos e as principais diferenças entre fãs e artistas de algumas décadas atrás e os de hoje.

Beatlemania
Segundo a edição de 1975 do Dicionário Aurélio, a palavra fã é uma abreviação do inglamericano fanatic: admirador exaltado de certo artista de rádio, cinema, televisão, etc. É claro que o fã de hoje tem definição própria de suas atividades, mas não vou entrar no mérito dessa questão. Aproveito a alusão da década em que o dicionário foi publicado para lembrar os Beatles. A banda, que já havia encerrado suas atividades nessa época, em 1970, é considerada, até os dias atuais, como um dos mais importantes símbolos de uma época onde a relação artista-fã acontecia de modo bastante peculiar. Os garotos de Liverpool protagonizaram o fenômeno conhecido como “Beatlemania”, conquistando multidões e deixando fãs enlouquecidos por onde passaram. Pertencendo ao casting de gravadoras como EMI, Parlophone, Capitol, Odeon, Apple, Vee-Jay, Polydor, Swan e Tollie, seus discos foram lançados no formato LP (disco de vinil) em um período onde as gravadoras tinham total estabilidade no mercado, vendiam regularmente bem e não havia Internet. Em síntese, nessa época vendia-se bem e a expectativa de carreira, apesar da vida curta dos Beatles, era longa. O grande público ainda estava se acostumando com a recente tecnologia e todos aqueles que pertenciam ao mainstream eram idolatrados e tidos como seres superiores. Astros e Estrelas praticamente de outro mundo.

Talvez não seja um equívoco dizer que a relação dos Astros dessa geração com o grande público era mínima ou até mesmo nula. Fazia parte da estratégia de marketing fetichizar o artista para torná-lo um mito. O crescimento tecnológico progredia lentamente e invadia as casas das pessoas da mesma forma. Os recursos para gravações em estúdio eram escassos, o processo era caro e demorado e a programação de TV era limitada. A conta é simples: poucos artistas, muito público a ser cativado e consumo lucrativo.

O tempo áureo da indústria fonográfica permaneceu nas décadas seguintes e durou até períodos recentes. Nomes como Michael Jackson e Menudo figuram entre os mais populares. Com o avanço dos anos 90, a tecnologia, novidade absoluta nas décadas anteriores, agora deixa de ser uma amiga fiel. Se antes servia como ferramenta para mistificação dos artistas, agora movimenta a máquina da produção e do consumo a todo vapor. Populariza-se o formato CD e a Internet. Talvez esta segunda tenha sido o principal fantasma das gravadoras e da sua lógica de mercado. Novos programas de gravação e facilidade de acesso colocaram lenha na corrida pelo sucesso, aumentando o número de bandas e artistas. O crescimento da cena underground e a variedade de opções para o público tornaram as coisas ainda piores para as gravadoras: com ajuda da própria Internet surge a pirataria e o produto genérico barato.

As gravadoras tentam correr atrás do prejuízo e caçam os novos talentos com objetivo de aumentar o casting e não perder as rédeas do mercado. Na verdade outro tiro no próprio pé! Possuir os artistas de sucesso não cessaria o surgimento de artistas independentes oriundos das classes populares. Pessoas que vinham do povo e para o povo. A forma encontrada para competir com a velocidade dessa nova lógica foi inserir a mesma velocidade aos seus próprios produtos. Produziram-se inúmeros sucessos relâmpagos e a música tornou-se um produto descartável com prazo de validade precoce. A ideia era sugar o potencial máximo do artista e aumentar a rotatividade de ídolos da mesma forma que funciona a lógica do capital: exploração e reserva de mercado.

Redes Sociais
O papel do público ao longo de todo esse percurso é de extrema importância. A Internet e toda a tecnologia lhes permitiram maior “liberdade” de escolha. Liberdade limitada e manipulada, verdade seja dita. Teoricamente você pode escolher, mas os padrões herdados da indústria permanecem tanto no âmbito musical quanto no âmbito comercial. De certa forma, os fãs estavam caminhando para um lugar menos contaminado de imposições. Sites de download e redes sociais pareciam ser a bomba-relógio prestes a explodir no coração do sistema. Infelizmente tudo ficou no quase porque o sistema é perverso e se reinventa. O coelho tirado da cartola foi usar as próprias armas do inimigo: se as comunidades no Orkut vinculadas aos sites de compartilhamento representavam algo parecido a um “socialismo virtual”, o sistema centralizador não poderia deixar barato. Assim como na política real, essa socialização foi censurada. Comunidades foram fechadas e incontáveis arquivos compartilhados gratuitamente foram perdidos em nome do lucro dos autores intelectuais, editores e produtores.

Outra rede social, que acabou não se tornando muito popular no Brasil, se desenvolveu paralelamente a esses acontecimentos. O Myspace talvez seja um dos principais transformadores desse quadro. Foi nessa rede que artistas vinculados às gravadoras, pela primeira vez, começaram a mudar sua forma de relação com os fãs e adentraram o mundo virtual. O ideal era a aproximação com o público através da disponibilização das próprias músicas, debates online e abertura aos recados dos fãs, desta vez sem intermediários. Não demorou para que essa modalidade se tornasse padrão e a grande maioria dos artistas assumiu o rótulo de “cantor/banda popular” dedicando-se ao contato permanente com os fãs. Podemos perceber que isso diverge do cenário das décadas anteriores, onde o artista era mistificado.

Costumo pensar na responsabilidade daqueles que fazem da música a sua profissão. Estar perto do público é um lugar político, estratégico e facilitador de produção de conhecimento e cidadania. Artista e público, juntos, poderiam produzir uma relação de troca e enriquecimento cultural. O fato é que o lugar foi percebido como estratégico, mas, como sempre, em favor da indústria e do capital. O tempo continuou passando e novas redes sociais surgiram e se popularizaram. A relação sutil de manipulação do público evoluiu e tornou-se ainda mais perversa e eficaz. A indústria percebeu que dependia dos fãs. Na guerra contra a pirataria e downloads grátis, ter artistas bonitos e talentosos ainda era insuficiente. Precisava-se criar artistas interativos e amigos do público. Essa lógica é perversa porque atua diretamente na ingenuidade, carência e esperança do fã. Desde a época dos artistas mistificados o ídolo é referencial para as pessoas, mas, agora, além de ser místico, o artista precisa ser acessível, precisa alimentar sonhos e permear a fronteira entre o alegórico e o real. Para isso assumem e usam a principal característica dos seres humanos; os sentimentos. Simples sentimentos que fazem parte do nosso cotidiano e conhecemos bem. Não nego, em hipótese alguma, a existência desses sentimentos nesses artistas, mas me incomoda a utilização dos mesmos como um simples produto. Seus sentimentos são vendidos a um público que os reconhece tornando esta uma relação íntima: “o meu ídolo, o meu sonho, ama a mim como também o amo”. Brincar com o sentimento dos fãs de forma tão fria chega a ser repugnante! É justo e digno, por parte do artista, o reconhecimento do papel do fã, do dinheiro e do apoio que este lhe dá, mas vender o seu amor... Nem sei como definir isso!

A cada passo para o futuro esse tipo de relação se intensificou. A adesão de outros artistas a essa postura não tardou e tudo voltou a ser como antes, ou seja, diversos artistas em uma guerra pelo amor do povo. Ingenuidade seria achar que as formas sutis de manipulação parariam por aí. A venda do “amor” se aperfeiçoou e vocês podem adivinhar como isso foi possível. Afinal, qual o maior símbolo de amor na nossa sociedade? Para seres sociais como nós, o grupo é de extrema importância. Ocupamos nele um lugar, temos responsabilidades, voz e concebemos a nossa identidade. Conseguem pensar qual seria o grupo mais importante de todos? Aquele que é comum a maioria das pessoas? Aqueles que nos deu a vida? Sim, senhores, a família.

Não basta mais ao artista declarar ao seu fã o amor. De nada adianta continuar próximo sem dar-lhes poderes. Com a ideia de família o fã se vê dotado de responsabilidades e agora tem a função de acompanhar, divulgar, comprar, frequentar shows e defender, como uma leoa, a sua prole. Cria-se um laço dos mais fortes e impenetráveis possíveis. Não entram outros artistas e não cabem argumentos críticos contrários. Os fãs defendem sua família como um exército defende o seu país em uma guerra e isso é quase literal. Assim como o exército que protege o seu Rei, pouco conhecendo os seus interesses, o fã defende o seu ídolo cegamente. Como numa guerra, perdem os soldados, vence o Rei.

Família Restart
O fã precisa enxergar qual é, de fato, o papel que lhe cabe nesse negócio. O acordo é velado, mas é simples: o artista declara amor, empresta o seu nome, - Família Restart/Família Luan Santana - e o fã, em defesa do sustento da sua família, compra CD original, compra ingresso, revista, DVD. Enfim, o artista enriquece enquanto o fã empobrece, tanto financeiramente quanto culturalmente. Abandonando as metáforas, trata-se apenas, como sempre foi, de uma relação estritamente comercial entre mercadoria e consumidor. Somente quando o fã perceber que é este sórdido local que ocupa, será possível a quebra dessa relação e a sua emancipação. A arte é um bem social e cultural. Não deve ser minimizada à condição de mercadoria. Seu caráter potencializador é um instrumento para todos aqueles que se relacionam com ela, basta apenas que nos tornemos, verdadeiramente, participantes e produtores de transformação.

"Declare guerra a quem finge te amar. Declare guerra!
A vida anda ruim na aldeia.
Chega de passar a mão na cabeça de quem te sacaneia".
(Barão Vermelho - Declare Guerra)

14 comentários:

  1. Muito bem colocado a relação fã/artista nos dias de hoje. Parabéns mais uma vez.

    :)

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  2. Embora eu não conheça bem o universo desse meio,
    Compreendo bem o que o autor argumenta sobre a relção fã/artista.Não é raro vermos muitas pessoas nessa relação quase que inconsciente,e a mídia que praticamente faz as pessoas engolirem sem mastigar o que ela quer vender.É pena.Parabens pelo belo texto que nos faz refletir sobre o nosso papel de consumidor.

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  3. vivemos em uma época que não vivemos mais por uma bandeira, não somos mais um, somos vários! e isso implica em nos identificar com aquilo que gostamos.
    oq eu acho q tem q ser pensado é "a mídia impõe, mas você aceita obrigatoriamente?"
    não gosto dos Beats e não aprecio Restart, mas uma coisa é certa, se eles vendem é pq muita gente se identifica. não temos uma cultura pobre pq ouvimos musica considerada de baixa qualidade, não temos uma cultura pobre na verdade. a letra dos beatles é daquele nível pq era aquela época, o povo se identificava com aquilo hoje a gurizada se identifica com os caras aí. te garanto que a tal da Kesha tem um conteúdo pior que tudo oq vc pode considerar podre, mas mta gente escuta, lady gaga idem. mas se a galera se identifica, fazer oq? se o artista quer viver bem tem q ir de acordo com o mercado, este sim é quem vem atingindo muitas subjetivadades e revelando vária identidades.
    por falar em fã, vire Bahia enquanto há tempo, pq ter fé que o Leão vai subir é ingenuidade! kkkkkkkkkkkkkk

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  4. Muito bom, foi se o tempo em que fã era nada mais do que um reconhecimento do talento de artista, a vendagem de discos era pura consequencia! Parabéns.

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  5. Com tudo isso criou-se uma imagem de que o que faz sucesso "não tem" qualidade e de que toda a cena Underground "tem". Mas nem tudo que está na midia é ruim (a grande maioria sim)e nem tudo que não está é bom.
    Hoje é ofensivo estar em um programa de tv, na capa de uma revista, ou ter um video na Mtv. Essa relação fã/artista/comércio fez com que muitos artistas hoje se recusem a ter popularidade, se recusem a participar de um programa de tv, enquanto antigamente via-se artistas como Humberto Gessinger e Cazuza no Programa do Chacrinha (mais popular impossível). Então reclama-se do momento atual da música e muitas vezes essa imagem do que é popular é ruim, nos impede de mudar tudo isso.

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  6. Eu creio no seguinte,se você é cantor,canta e deixa a vida seguir.se você é artista,seja artista e deixa a vida dar a resposta.se você tem o principal que é o talento,nada disso importa,e,o sucesso virá naturalmente.Cante,cante com amor que independente de qualquer obstáculo,o teu sucesso vai atropelar qualquer modismo.Um abraço e fica com DEUS.

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  7. Seydel, obrigado pela participação! : )

    Maria do Carmo, realmente, em muitas oportunidades nos deparamos com o rosto de determinado artista em todas as mídias possíveis. Isso é uma imposição agressiva do que devemos ouvir.

    Junio, a mídia e a música são instrumentos da cultura e movimentam as identidades. Criam novas de acordo com suas necessidades de venda. Jovens se identificam com artistas assim como se identificam com celulares diferentes a cada estação...

    O sobrevivente na selva, pois é. Acho que o fã sempre foi visto como consumidor, mas agora ele perde ainda mais nessa troca...

    Suselle, a ideia não é discutir o que é bom ou ruim e se quem está na mídia tem qualidade. Pretendi mostrar algumas estratégias de fidelização do público para faturar nesse novo mundo tecnológico.

    Paulo Gomes, acho que a ideia é mais ou menos essa que você falou; produzir arte com naturalidade. Mas penso que um artista tem responsabilidades com sua arte, se pretende comercializá-la.

    KGeo, obrigado pela participação!

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  8. Não curto Beatles, muito menos Restart! Nem Luan Santana rsrs Mas, não podemos tirar os méritos eles néh.. Beatles foram uma febre na época deles, assim como Restart e Luan na nossa época,e como não citar Jonas Brothers, e Justin Bieber (ah, Justin Bieber..) mas enfim...ñ sou fan de nenhum desses. Concordo com o que Paulo disse "Se você é cantor, canta e deixa a vida seguir. Se você é artista,seja artista e deixa a vida dar a resposta. Se você tem o principal que é o talento,nada disso importa,e,o sucesso virá naturalmente. Cante, cante com amor que independente de qualquer obstáculo,o teu sucesso vai atropelar qualquer modismo." Faço das palavras dele, as minhas! e Sucesso pra você!

    Um Abraço.

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  9. Gosto é algo que não se deve discutir realmente. Se é Justi Bieber ou John Lenon, o que importa é que sempre haverão aqueles que irão prestigiá-los e dar-lhes o devido valor de artistas que são.

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  10. eu concordo com vc que a mídia nos quer fazer engolir músicas ao menos gostamos... poxa, eu já decorei tanta música de artistas que eu detesto...
    mas é um dos caras daí de cima falou, o povo ouve aquilo que se identifica, o beatles da mesma forma que o restart identificou um público anterior, e hoje a Kesha, a Lady Gaga identifica o público atual né... fazer o quê!


    \tô aki retribuindo comentário, mto obrigada, pessoas como vc são a essência para a existência do meu blog


    www.diariodagarotadevariasfaces.blogspot.com
    aviso - quando o blog completar 500 seguidores vou colocar uma foto minha no blog

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  11. Klaus,
    Adoreiiiiiiiiiiii o texto! Em muitos momentos confesso que rir bastante, só pelo fato de ter me visto em muitas situações, quando eu era louquinha rsrsrsrs...mas como tudo nessa vida passa, chega um tempo em que as pessoas observam que artista e fã são simplesmente GENTE e ver que nem precisava ter feito tantas loucuras ou melhor, conseguem separar ser fã por admirar um trabalho, a arte de alguém a ser alguém que faz loucuras e deixa até de manter sua própria sobrevivência em prol do ídolo. Começam a ter outros objetivos em prol de suas próprias vidas. Parabéns pela publicação, acredito que quem leu seu texto se identificou em muitos momentos aí. Ficou muito legal!

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  12. Nem comparaçao Beatles e Restart (ou Luan Santana)...
    O problema é q essa fase adolescente é muito contubarda, nao adianta cobrar identidade, opiniao, critica, pq essa é uma fase dificil e facil de manipular.
    A industria sabe disso, e os adolescentes se deixam manipular, mas eu prefiro minha prima de 10 anos ouvindo restart e justin bieber, do que aqueles funks grotescos e nojentos!
    Pelo menos Restart é ruim, mas é inofencivo...

    http://mova-me.blogspot.com/

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  13. Ao contrário do que muitos pensam essa relação fã/ídolo pode ser inteiramente compreendida por muitos adolescentes (como eu, que tenho 13 anos), eu nunca gostei muito de banda da minha época, eu ouço quase tudo que é rock dos anos 60 aos 90, mas nunca nada atual. Eu sou muito exigente quanto as letras das músicas, elas tem que ser profundas, eu viajo ouvindo a letra...o ritmo faz diferença.Mas não se pode gostar só do ritmo.Alguns adolescentes da minha idade gostam dos artistas não porque eles tem talento, mas ou porque ele(ela) é bonito(a), ou porque a(o) amiga(o) gosta, ou até mesmo só pelo simples fato de ele ser famoso.E esses adolescentes fariam loucuras pelo seu ídolo.

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